segunda-feira, 15 de junho de 2009

AVENIDA NOVE DE ABRIL: UMA AVENIDA COM HISTORIA

A partir da metade do século XVIII, a Capitania de São Paulo estava saindo de uma profunda crise econômica. A recuperação se daria progressivamente nas décadas subseqüentes através dos produtos agrícolas, principalmente o açúcar. Justamente por esse motivo, os antigos caminhos na Serra se tornaram insuficientes para o devido fluxo das tropas de animais carregadas das preciosas mercadorias.
O governador da Capitania, Bernardo José Maria de Lorena, de 1788 a 1798, reverteria essa dificuldade ao construir a estrada denominada Calçada do Lorena, em 1790. A situação se desenhava dessa forma: havia fluidez de animais e pessoas no perímetro da Serra, porém o mesmo não ocorria quando chegavam ao povoado de Cubatão que, à época, não possuía ligação por terra até Santos. Os rios eram utilizados como estradas o que, sem dúvida, repercutia rio encarecimento dos produtos devido ao transporte e estocagem. As reivindicações para que se construísse um caminho entre Cubatão e Santos surgem no início do século XIX. Apesar das dificuldades crescentes, tal propósito tomará forma quando da posse do Presidente da Província de São Paulo, Lucas Monteiro de Barros. Ocorre que não foram poucas as dificuldades enfrentadas para a execução do empreendimento. Além do calor excessivo, próprio do clima tropical úmido, a enorme quantidade de mosquitos infligia sofrimento e doenças. Diante dessas circunstâncias, eram poucos os trabalhadores assalariados que se adaptavam às dificuldades impostas pelo meio ambiente. Na verdade, a obra se concretizava devido a utilização do trabalho escravo. Domar o mangue não era tarefa fácil. A obra extenuava em todos os sentidos. Fisicamente: por ser todo aterro transportado em cestos. Financeiramente:
pois, até o final de 1826, foram gastos 47.465$802 (ou seja, quarenta e sete contos, quatrocentos e sessenta e cinco mil, oitocentos e dois réis). A esperada inauguração ocorreu a 7 de fevereiro de 1827 e o empreendimento ficou conhecido como o Aterrado de Cubatão ou Entulhado. O ano de 1835 registra o surgimento da Barreira do Cubatão que, em outros termos, era o pedágio cobrado sobre pessoas, animais e mercadorias que passavam pelo Aterrado. A Barreira do Cubatão esteve em franca e rentável atividade até 1877.
A “Avenida de Todos Nós” está inserida nesse contexto histórico do desenvolvimento da economia paulista. Interessante observar, também, as várias denominações pelas quais passou. Quando Cubatão ainda era um bairro de Santos, o traçado era conhecido como Via Bandeirantes, com início nas imediações da Alemoa e término no Pontilhão da Estrada Velha, bem próximo à antiga Capela de São Lázaro. Após a emancipação político-administrativa, a Lei Municipal n ~ 36/50 designava o trecho entre a estação ferroviária e a raiz da Serra como Avenida 9 de abril. A partir da referida estação até a ponte sobre o Rio Casqueiro permanecia como Avenida dos Bandeirantes. Posteriormente, através da Lei nr. 848/70, os citados trechos foram reconhecidos na denominação unificada de Avenida Nove de abril.
No tocante às transformações urbanísticas, devido à instalação do pólo industrial e o rápido crescimento demográfico, a Avenida sofrerá transformações profundas. A partir da década de 1960, as administrações municipais se empenharam em sua duplicação. Porém esse episódio dá início ao que podemos chamar de êxodo de raízes, pois várias famílias tradicionais, e residentes na Avenida, tiveram seus imóveis envolvidos na sôfrega especulação imobiliária. Podemos destacar, entre outras, as famílias Couto, Ruivo, Jorge, Stievani, da Guarda, Cunha, Saragoça, Domingues, Oliveira, Giordani, Duarte, Fernandes, Rodrigues que marcaram a história de nossa Avenida com seus comércios, serviços e exemplos de vida.

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